Neste artigo defendo uma interpretação pluralista para a teoria do significado de Peirce quando aplicada a termos gerais que fazem referência a tipos naturais ou, como recentemente estabelecido no debate contemporâneo, termos de tipos naturais. Conduzido por uma análise dos escritos de Peirce, podemos encontrar uma teoria confiável e promissora para esta ampla categoria de termos. Orientando-se por leitores privilegiados da filosofia de Peirce, duas posições principais são identificadas e comparadas por via do método pragmático. A partir das conclusões desta (...) comparação, encontramos fortes razões para selecionar a posição pluralista moderada, enfatizando a teleologia dos agentes cognitivos em detrimento de causas finais. Esta leitura de Peirce não é apenas fortemente naturalizada, mas também se apresenta como uma abordagem instrumentalista à filosofia da linguagem. A leitura pretende lançar luz sobre algumas das principais reivindicações deste que é um autor estratégico, em especial, quando confrontado com a discussão contemporânea em torno dos TTNs. O tratamento de Peirce aos termos gerais é enriquecido por novas pesquisas empíricas em ciências cognitivas e biossemiótica. Todo o trabalho tem uma dívida especial com estudos recentes em computação cognitiva que introduziram o conceito de aptidão semântica para modelar um nível ótimo de abstração para produzir representações mais significativas em um determinado domínio ontológico, classificando objetos particulares de forma dinâmica e progressiva. Esta noção é introduzida para uma interpretação efetivamente evolucionária da teoria dos termos genéricos de Peirce e na exposição das vantagens desta estrutura conceitual. (shrink)

A Coletiva Corpos Insubmissos, grupo de pesquisadoras negras, tem entendido cada vez mais a importância de ocuparmos, de forma insubmissa, os lugares de fala, mas também de escrita, um universo bastante desafiador para nós, mulheres negras. Neste sentido, o texto que apresentamos nesta publicação nasce de uma entrevista-conversa realizada com Jess Oliveira em setembro de 2020. Nesse sentido, partindo da importância política da linguagem, dos diálogos transnacionais e da tradução para pensar a luta anticolonial, a Coletiva, entrevistou-conversou com Jess Oliveira (...) sobre a importância da autodefinição, o papel da linguagem, o processo de tradução e a importância das intelectuais negras na produção de práticas de insubmissão. (shrink)

Durante o período colonial, milhares de artefatos culturais foram levados do continente africano pelos europeus. Nos últimos anos, a restituição de bens culturais tem chamado atenção de teóricos, governos, órgãos internacionais e regulamentações jurídicas. Contudo, há pouca informação sobre a forma como essa realidade se apresenta e é discutida. Este ensaio é uma proposta de investigação sobre a restituição dos bens culturais retirados no contexto do colonialismo, considerando a relação de países europeus com países africanos. Trata-se de analisar a constituição (...) do regime internacional de proteção e restituição do patrimônio cultural, seus princípios, limites e possibilidades, tendo em vista alguns casos de processos restitutivos realizados a partir da década de 1990 e suas narrativas. Em meio aos debates acerca da descolonização das relações entre ex-metrópoles e ex-colônias e os efeitos ainda presentes do colonialismo, este trabalho põe em marcha uma proposta teórico-metodológica que aposta no papel da memória e sua potência no que toca ao direito humano à cultura e à identidade. Palavras-chave: Bens Culturais. Decolonialidade. Restituição. (shrink)

BAIARDI JM, BRUSH BL and LAPIDES S. Nursing Inquiry 2010; 17: 289–296 Common issues, different approaches: strategies for community–academic partnership developmentCommunities around the United States face many challenging health problems whose complexity makes them increasingly unresponsive to traditional single‐solution approaches. Multiple approaches have considered ways to understand these health issues and devise interventions that work. One such approach is community‐based participatory research. This article describes the development of a new collaborative partnership between a school of nursing and an urban (...) social service agency using community‐based participatory research as a framework. We describe the partnership’s evolution and process of data collection and analysis and evaluate the outcomes of both. We argue that community‐based participatory research involves partnerships at its core whose members, both as individuals and part of the collaboration, must be committed and nimble in the face of shifting and challenging health and social problems, recognize common issues and concerns across the boundaries of community and academia, and respect each other’s different approaches and expertise. (shrink)

It is common to hear talk of the aim of belief and to find philosophers appealing to that aim for numerous explanatory purposes. What belief 's aim explains depends, of course, on what that aim is. Many hold that it is somehow related to truth, but there are various ways in which one might specify belief 's aim using the notion of truth. In this article, by considering whether they can account for belief 's standard of correctness and the epistemic (...) norms governing belief, I argue against certain prominent specifications of belief 's aim given in terms of truth, and advance a neglected alternative. (shrink)

The _Physics_ is a foundational work of western philosophy, and the crucial one for understanding Aristotle's views on matter, form, essence, causation, movement, space, and time. This richly annotated, scrupulously accurate, and consistent translation makes it available to a contemporary English reader as no other does—in part because it fits together seamlessly with other closely associated works in the New Hackett Aristotle series, such as the _Metaphysics_, _De Anima_, and forthcoming _De Caelo_ and _On Coming to Be and Passing Away_. (...) Eventually the series will include all of Aristotle's works. Sequentially numbered endnotes provide the information most needed at each juncture, while a detailed Index of Terms indicates places where focused discussion of key notions occurs. An illuminating general Introduction describes the book that lies ahead, explaining what sort of work it is and what sorts of evidence it relies on. (shrink)

This essay considers the reliability and proper role of authorial intention in the interpretation of figurative language and argues that, even in cases of metaphor and irony, the meaning of a text must remain logically independent of the intent of its historical author. Irony and metaphor have been broadly considered to be the most problematic cases for the anti-intentionalist approach to interpretation. The arguments in this essay address standard intentionalist arguments and, in the end, defend a sort of hypothetical intentionalism (...) that is, in all significant respects, anti-intentionalist. (shrink)

Here I look to some work in the historical sciences in order to draw out some of the epistemic benefits of “speculative narratives,” which bears on some more general epistemic benefits of speculative reasoning. Due to the contingent nature of much historical evidence, some degree of speculative reasoning is necessary to get the epistemological ball rolling in the historical sciences, and I argue that speculative narratives provide the necessary sort of frameworking apparatus for doing precisely this. I use contemporary work (...) on the first peopling of the Americas (the “Clovis First Debate”) for illustration. (shrink)

Sometimes, learning about the origins of a belief can make it irrational to continue to hold that belief—a phenomenon we call ‘genealogical defeat’. According to explanationist accounts, genealogical defeat occurs when one learns that there is no appropriate explanatory connection between one’s belief and the truth. Flatfooted versions of explanationism have been widely and rightly rejected on the grounds that they would disallow beliefs about the future and other inductively-formed beliefs. After motivating the need for some explanationist account, we raise (...) some problems for recent versions of explanationism. Learning from their failures, we then produce and defend a more resilient explanationism. (shrink)

In the international bestseller, Thinking, Fast and Slow, Daniel Kahneman, the renowned psychologist and winner of the Nobel Prize in Economics, takes us on a groundbreaking tour of the mind and explains the two systems that drive the way we think. System 1 is fast, intuitive, and emotional; System 2 is slower, more deliberative, and more logical. The impact of overconfidence on corporate strategies, the difficulties of predicting what will make us happy in the future, the profound effect of (...) cognitive biases on everything from playing the stock market to planning our next vacation—each of these can be understood only by knowing how the two systems shape our judgments and decisions. -/- Engaging the reader in a lively conversation about how we think, Kahneman reveals where we can and cannot trust our intuitions and how we can tap into the benefits of slow thinking. He offers practical and enlightening insights into how choices are made in both our business and our personal lives—and how we can use different techniques to guard against the mental glitches that often get us into trouble. Winner of the National Academy of Sciences Best Book Award and the Los Angeles Times Book Prize and selected by The New York Times Book Review as one of the ten best books of 2011, Thinking, Fast and Slow is destined to be a classic. (shrink)

Examines the lived experience of social encounters drawing on phenomenological insights.

The purpose of this succinct work is to present N. Machiavelli's classic republican view from his proposition of an inevitable paradox, the founding of an expansionist republic, difficult to govern, or the founding of a stable, but small and weak republic. Such a paradox, according to Machiavelli, should direct and condition all the constitutive devices of the republic when choosing what will be its destiny as a political body. The model of republic preferred by the Florentine will be the expansionist (...) model of Rome, leading him to assume all the devices that gave this republic its power. From this presentation of the Machiavellian proposition, we will analyse the assimilation of republican thought in England from the Elizabethan period, as well as the political-social scenario that exists there. This itinerary will allow us to understand, in general, why classical republicanism was received on English soil from the perspective of establishing a mixed, stable government, thus favouring the spread of the Venice myth as a serene republic and delaying the use, even that mitigated, of the republican presuppositions expressed in the Machiavellian work that directed towards a Roman model. (shrink)

In this brief article we will seek to support the thesis that there is in the thought of Coluccio Salutati, 14th century Florentine chancellor and prominent humanist, a clear republicanism that turns to the issue of the freedom of the republic and the active life of the individuals participating in it. However, in connection with this demonstration, we will also maintain that such republicanism has strong traces of Augustinian influence, mainly in view of the disposition of laws in the political (...) arrangement, as well as the relationship between active life and the search for a human being’s own good. In view of this, we intend to demonstrate that, in general, Salutati’s Renaissance republicanism turns to the defence of the republic, its freedom and its characteristic of the proper scenario for the active life of individuals, however, it still maintains an ethical-political perspective typical of the medieval period, centrally influenced by Augustinian thought. (shrink)

Tencionamos, neste artigo, tratar da questão da imitação no pensamento maquiaveliano. Tomaremos como balizas suas postulações acerca da natureza do homem, as possibilidades de formatação de uma república profícua em vista desta natureza e o papel dos exemplos dos indivíduos que agem em prol do bem da república. Sendo a questão da imitação o fio condutor, elegeremos ainda um tripé para demonstrar nossa hipótese, a saber, o fator antropológico; o fator educacional; o fator político. Por este movimento, pretende-se demonstrar que (...) a aparente negatividade das postulações maquiavelianas sobre a natureza humana não inviabilizam a promulgação de uma república estável, tendo os bons exemplos políticos um papel preponderante neste propósito. (shrink)

Par ces temps de grands malaises identitaires, subjectifs et collectifs, où les frontières vacillent, où l'identité fait problème - tantôt elle chavire et tantôt elle se crispe -, on découvre avec surprise que le concept de différence est lui aussi insuffisant pour rendre compte de toutes ces effervescences: il est trop simple, trop figé... Nous décrivons ici ces lieux par lesquels on passe pour devenir différent, et tenter de faire quelque chose de "sa" différence; ces moments où nous sommes "entre (...) deux"; dans les contextes les plus variés: l'écrivain qui se débat entre deux langues, la femme qui, pour accéder à sa propre féminité, doit se dégager de la Femme originelle, l'adolescent ou le jeune qui cherche à faire le pas sans passer à l'acte ou, simplement, se ranger, et même le chômeur cherchant "une place" - tous passent par un entre-deux. Celui-ci se révèle être un passage ou une impasse, selon que l'origine qui se rejoue dans cette épreuve se révèle accessible ou pas à une sorte de partage - qu'il s'agit justement d'éclairer. L'entre-deux est donc plus qu'un nouveau concept, c'est une épreuve où l'on s'affronte à l'Origine - perdue ou redonnée, morcelée ou en bloc. On s'y affronte à la fois pour la retrouver et pour s'en dégager. Et l'origine est une dynamique à laquelle on a affaire chaque fois qu'il s'agit de se déplacer. Ces déplacements requièrent une certaine énergie; c'est elle, précisément, que ce texte voudrait libérer, en dégageant, à partir des vertiges originels, les entre-deux du possible. (shrink)

Infallibilism is the view that a belief cannot be at once warranted and false. In this essay we assess three nonpartisan arguments for infallibilism, arguments that do not depend on a prior commitment to some substantive theory of warrant. Three premises, one from each argument, are most significant: if a belief can be at once warranted and false, then the Gettier Problem cannot be solved; if a belief can be at once warranted and false, then its warrant can be transferred (...) to an accidentally true belief; if a belief can be at once warranted and false, then it can be warranted and accidentally true. We argue that each of these is either false or no more plausible than its denial. Along the way, we offer a solution to the Gettier Problem that is compatible with fallibilism. (shrink)

In Lukács: Praxis and the Absolute, Daniel Andrés López reassembles Lukács’s philosophy of praxis on a Hegelian basis, as a conceptual-historical totality, both defending him and proposing an unprecedented, immanent critique that raises problems for Marxian philosophy as a whole.

" Qualia " is an unfamiliar term for something that could not be more familiar to each of us: the ways things seem to us. As is so often the case with philosophical jargon, it is easier to give examples than to give a definition of the term. Look at a glass of milk at sunset; the way it looks to you--the particular, personal, subjective visual quality of the glass of milk is the quale of your visual experience at the (...) moment. The way the milk tastes to you then is another, gustatory quale, and how it sounds to you as you swallow is an auditory quale; These various "properties of conscious experience" are prime examples of qualia. Nothing, it seems, could you know more intimately than your own qualia ; let the entire universe be some vast illusion, some mere figment of Descartes' evil demon, and yet what the figment is made of will be the qualia of your hallucinatory experiences. Descartes claimed to doubt everything that could be doubted, but he never doubted that his conscious experiences had qualia, the properties by which he knew or apprehended them. (shrink)

The social sciences playa variety of multifaceted roles in the policymaking process. So varied are these roles, indeed, that it is futile to talk in the singular about the use of social science in policymaking, as if there were one constant relationship between two fixed and stable entities. Instead, to address this issue sensibly one must talk in the plural about uses of dif ferent modes of social scientific inquiry for different kinds of policies under various circumstances. In some cases, (...) the influence of social scientific research is direct and tangible, and the connection between the find ings and the policy is easy to see. In other cases, perhaps most, its influence is indirect-one small piece in a larger mosaic of politics, bargaining, and compromise. Occasionally the findings of social scientific studies are explicitly drawn upon by policymakers in the formation, implementation, or evaluation of particular policies. More often, the categories and theoretical models of social science provide a general background orientation within which policymakers concep tualize problems and frame policy options. At times, the in fluence of social scientific work is cognitive and informational in nature; in other instances, policymakers use social science primarily for symbolic and political purposes in order to le gitimate preestablished goals and strategies. Nonetheless, amid this diversity and variety, troubling general questions persistently arise. (shrink)

Resumo: O ingresso de estudantes surdos no ensino superior tem ampliado nos últimos anos, e com isso, a inclusão desses estudantes, passa a ser um desafio. Nesse sentido, objetivamos neste estudo analisar a sua inclusão no ensino superior em Portugal. O estudo compreende a trajetória de três estudantes surdos vinculados a duas instituições de ensino superior, e cuja comunicação se estabelece pela Língua Portuguesa. Como forma de levantamento de dados, foram realizadas entrevistas semiestruradas, nas modalidades presencial e por videoconferência. Salientamos (...) que a escolha pela língua oral utilizada durante a entrevista foi dos estudantes, uma vez que estes alunos utilizam na maior parte do seu tempo a Língua Portuguesa, na sua vertente oral e escrita. Os resultados apontam para a importância de repensar a oferta de ensino permeado pela presença da Língua Gestual Portuguesa (LGP) nas atividades acadêmicas tendo em conta as principais necessidades apontadas pelos estudantes que participaram neste estudo: a) presença do intérprete de LGP nas salas de aula; b) colaboração dos professores da educação superior; c) interações sociais na universidade, e d) inclusão de estudantes surdos, o que demonstra a importância de repensar as práticas inclusivas para estudantes universitários surdos nas Instituições que frequentam. Palavras-chave: Ensino Superior; Estudantes surdos; Inclusão. Deaf students in Higher Education in Portugal - a reflection on inclusion Abstract: The enrollment of deaf students in higher education has increased in recent years, and with that, the inclusion of these students, becomes a challenge. In this sense, we aim in this study to analyze its inclusion in higher education in Portugal. The study comprises the trajectory of three deaf students linked to two higher education institutions, and whose communication is established by the Portuguese Language. For data collection, semi-structured interviews were conducted, in person and by video conference. We emphasize that the choice of the oral language used during the interview was of the students, since these students use most of their time the Portuguese language, in its oral and written components. The results point to the importance of rethinking the teaching offer permeated by the presence of the Portuguese Sign Language (PSL) in academic activities taking into account the main needs pointed out by the students who participated in this study: a) presence of the PSL interpreter in the classroom; b) collaboration of higher education teachers; c) social interactions at the university, and d) inclusion of deaf students, which demonstrates the importance of rethinking inclusive practices for deaf students in the Institutions they attend. Keywords: Higher Education; Deaf students; Inclusion. Estudiantes sordos en Educación Superior en Portugal - una reflexión sobre su inclusión Resumen: La matrícula de estudiantes sordos en la educación superior se ha incrementado en los últimos años, y con ello, la inclusión de estos estudiantes, se convierte en un desafío. En este sentido, nuestro objetivo en este estudio es analizar su inclusión en la educación superior en Portugal. El estudio comprende la trayectoria de tres estudiantes sordos vinculados a dos instituciones de educación superior, cuya comunicación está establecida por la lengua portuguesa. Como medio de recopilación de datos, se realizaron entrevistas semiestructuradas, en persona y por videoconferencia. Destacamos que la elección del idioma portugués utilizado durante la entrevista fue de los estudiantes, ya que estos estudiantes utilizan la mayor parte de su tiempo el idioma portugués, en sus aspectos oral y escrito. Los resultados apuntan a la importancia de repensar la oferta docente permeada por la presencia de la Lengua de Signos Portuguesa (LSP) en las actividades académicas teniendo en cuenta las principales necesidades señaladas por los estudiantes que participaron en este estudio: a) presencia del intérprete LSP en las aulas; b) colaboración de profesores de educación superior; c) interacciones sociales en la universidad, y d) inclusión de estudiantes sordos, lo que demuestra la importancia de repensar las prácticas inclusivas para los estudiantes universitarios sordos en las Instituciones a las que asisten. Palabras clave: Educación superior; Estudiantes sordos; Inclusión. Data de registro: 15/04/2021 Data de aceite: 01/12/2021. (shrink)

Nosso objetivo é destacar o sentido filosófico no Brasil dos primeiros debates suscitados pela ideia de uma psicologia científica. Para tanto, trabalharemos com os textos de dois autores em especial, Gonçalves de Magalhães e Tobias Barreto. Nosso interesse é o de demonstrar em que sentido estes filósofos foram capazes de oferecer oposição a uma tendência positiva vigente na Psicologia e, ao mesmo tempo, superar o caráter contemplativo da consciência de si inerente à Psicologia sob a égide dos Jesuítas, e em (...) vista da necessidade de modernização filosófica no Brasil. Ao mesmo tempo, pretendemos mostrar que, a despeito da crítica de Tobias a Magalhães, ambos souberam reconhecer a significação do naturalismo em Psicologia, especialmente no que diz respeito à tarefa de inserir o pensamento brasileiro nos rumos da filosofia ocidental. (shrink)

A história da filosofia no Brasil começa em 1572, quando foi inaugurado o curso de Artes dos jesuítas na cidade do Salvador, Bahia. Denominava-se “Artes” como abreviatura de “Artes liberais”, significando esta qualificação de “liberais” o caráter contemplativo ou teórico das disciplinas como uma espécie de saber considerado em sua organização e independentemente de objetos aos quais possa aplicar-se, a exemplo da Filosofia, a qual foi referida por Aristóteles como “ciência livre, pois somente esta é para si mesma” (ARISTÓTELES, Metafísica (...) I, 2, 982b). Na Bahia, o colégio instituído para ministrar tais disciplinas, e destinado à formação superior de eclesiásticos e de civis, teve como modelo o seu congênere na cidade portuguesa de Coimbra, denominado Colégio das Artes, o qual fora confiado aos jesuítas desde 1555. O curso de Artes durava três anos e abrangia, além de latim e estudos literários, as disciplinas filosóficas. Estas últimas apoiavam-se nas obras aristotélicas, segundo a Ratio Studiorum, método pedagógico da Companhia de Jesus. (shrink)

Neste artigo eu revisito a minha tese de doutoramento em antropologia social: “Esclavage et Inventions Spirituelles Afro-Brésiliennes: Du Vudum Lebabimibome aux Contes Populaires”, onde tentamos demonstrar um dos impactos marcantes da escravização na história dos povos africanos e afrodescendentes, como este fato marcou a vida espiritual e intelectual das diasporas nas Américas, especialmente da brasileira. Mostramos como estas populações dialogaram entre si, apropriaram-se e transformaram os valores culturais dos povos que as subjugaram. Adaptando-se aos novos quadros-sociais souberam preservar suas memórias (...) espirituais criando assim intermediários sagrados como o do Seja Hundê, Candomblé jeje da Bahia, o vudum Lebabimibome, híbrido do Mensageiro das religiões ancestrais fon e iorubá, Exu-Legbá e de um macaco. Pela adoção desta nova manifestação religiosa, esses povos souberam estrategicamente reciclar ao mesmo tempo uma velha idéia construída pelos colonizadores europeus sobre os africanos e seus descendentes, associando-os a macacos, vendo-os como o elo entre o homen e o animal. Para escapar à escravidão grupos de africanos utilizaram mímicas como meio de comunicação com os estrangeiros. Pelas artimanhas dos macacos dos contos populares, a vida social dos escravizados e dos livres subalternos é também contada e preservada, tranformando-os em verdadeiros arquivos históricos. (shrink)

Neste breve artigo, argumentaremos que a pandemia da Covid-19, como outras na história humana, colocou em desnudo as bases da estrutura político-econômica moderna. Defenderemos que tais bases apoiam-se em dois esteios, uma noção política de ‘Estado’, ápice da organização humana, e uma concepção racionalista, técnica e produtiva, que promulga a possibilidade de resposta a qualquer crise surgida na sociedade. Como contrapondo a esta estrutura, apresentaremos a teoria maquiaveliana, que aponta para uma relação indelével entre política e fator natural, natureza e (...) sociedade. Nesta teoria, com uma concepção antropológica própria, as necessidades impostas pela natureza frente a ação humana são determinantes para se pensar a própria construção política. Como resultado, consideraremos ser necessário repensar a estrutura político-econômica moderna em seus pretensos mitos de incontestável avanço político, por meio do ‘Estado’, e inabalável base racional, principalmente técnico-produtiva, retomando o lugar de importância do fator natural para constituição de uma sociedade mais ‘humana’. (shrink)

Neste artigo, o autor procura explicar os aspectos centrais dos argumentos de Ockham acerca da natureza dos universais, dando atenção à análise das propriedades semânticas de significação e suposição, como foram expostas porOckham na Primeira Parte da sua Summa logicas.Depois de apresentar a doutrina do conhecimento intuitivo e abstrativo, o autor discute as criticas de Ockham ao realismo e o seu modo especifico de conceber universais.

Tencionamos, neste artigo, demonstrar os meandros constitutivos do que seja um formalismo moral em Immanuel Kant, tendo como pressuposto teórico sua compreensão de uma teoria da vontade. Este movimento de análise e demonstração teórica terá como fio condutor a ideia de autonomia que permeia a construção da vontade no formalismo kantiano, ou seja, a pressuposição de uma possível autonomia formal da razão é a base na qual se assenta a teoria moral deste pensador. Para execução de nossa pretensão será necessário (...) reconstituir os pontos nevrálgicos do que venha a ser uma teoria da vontade para em seguida analisar os pressupostos kantianos que realçam a centralidade da autonomia da razão na compreensão de uma vontade livre. Desta maneira, o que se pretende por em desnudo é a originalidade kantiana, em relação à tradição que promulga a vontade como marca da liberdade humana, a partir de seu pressuposto de autonomia formal na constituição moral do indivíduo humano. (shrink)

Neste artigo intentamos empreender uma leitura do judaísmo antigo, ou veterotestamentário, em alguns de seus aspectos principais, à contraluz da visão maquiaveliana do papel da religião na organização e expansão do Estado. O primeiro passo desta empresa será dado ao expormos os traços fundantes e delineadores da tradição judaica antiga, principalmente nos livros que compõe o chamado velho testamento, demonstrando o uso da religião na ordenação e expansão do Estado, bem como na formação do indivíduo. Em um segundo momento demonstraremos (...) como se cria uma nova tradição judaica, influenciada e influenciadora do mundo grego antigo, logo no início da era cristã a qual será assimilada e explorada em seu viés místico no humanismo renascentista. Esta tradição judaico helenístico será a mais conhecida e assimilada nos círculos eruditos europeus da renascença. Por fim, buscaremos demonstrar como os traços constitutivos do judaísmo antigo, em detrimento ao judaísmo helenístico, podem ser lidos à luz da descrição maquiaveliana do papel da religião na organização e expansão do Estado e na formação do indivíduo. (shrink)

Estuda-se a percepção do tempo nos poetas augustanos, analisando-se as duas perspectivas fundamentais, a dos poetas epicuristas (Horácio, Ovídio, poetas elegíacos) e a dos poetas estóicos (Vergílio). Verifica-se que, embora dependam da teorização filosófica de origem grega, manifestam características pessoais que vão para além dela.

Our objective in this brief article is guided by the demonstration of the existence of a theory of political action in Machiavelli's republican thought, with such a theory having its own character that directs it to highlight the action of individuals in the social context. In addition to this objective, we hope to support the thesis that such a theory of political action has a republican scope, not just “republicanist”, in keeping with the Machiavellian preference for institutions that impress on (...) individuals a civic sense based above all on the materiality of political action in the body social. From this assertion, we indicate that our itinerary will be guided by the demonstration of the search for the valorization of political action in Machiavelli's theory, the materiality of such action, to the detriment of its pure intention, the central focus of Florentine's work. This disposition of the centrality of political action in Machiavelli republicanism will underscore its appreciation for outlining the political functions of the search for recognition, glory and especially the benefit of the political body as a whole. (shrink)

Supererogatory acts are those that lie “beyond the call of duty.” There are two standard ways to define this idea more precisely. Although the definitions are often seen as equivalent, I argue that they can diverge when options are infinite, or when there are cycles of better options; moreover, each definition is acceptable in only one case. I consider two ways out of this dilemma.

1. Happiness, then and now -- Happiness, eudaimonia, and practical reasoning -- Happiness as eudaimonia -- Happiness and virtuous activity -- New directions from old debates -- 2. Happiness then: the sufficiency debate -- Aristotle's case against the sufficiency thesis -- 3. Happiness now: rethinking the self -- Socrates' case for the sufficiency thesis -- Epictetus and the stoic self -- The Stoics' case for the sufficiency thesis -- The embodied conception of the self -- The embodied conception and psychological (...) well-being -- The Stoics' case against the embodied conception. (shrink)

"Principe à valeur constitutionnelle en droit français, la sécurité juridique occupe une place centrale dans l'argumentaire du législateur aussi bien national qu'européen et se trouve au coeur de l'activité juridictionnelle. Dans une perspective économique du droit, les systèmes juridiques sont désormais eux-mêmes évalués à l'aune de la sécurité juridique, comme le démontrent les rapports "Doing Business", commandés par la Banque Mondiale depuis une dizaine d'années. Cependant, la crainte d'insécurité juridique semble ne jamais avoir été aussi forte. Elle est notamment révélée (...) par l'appel récurrent à la notion de sécurité juridique. La mondialisation et la "fondamentalisation" du droit amplifient le phénomène dans la mesure où l'exigence de sécurité se manifeste dans des contextes plus complexes de formation et d'application du droit. En parallèle, la notion d'insécurité juridique est évoquée en creux lors des travaux relatifs à la sécurité juridique. Or, cette dernière est le plus souvent envisagée à partir de la dénonciation de son contraire, l'insécurité juridique. Par conséquent, la sécurité juridique est envisagée de manière négative. Pourtant, l'insécurité juridique ne fait l'objet d'aucun travail conceptuel malgré son emploi généralisé. Sous l'égide de la Cour de cassation et de la Société de législation comparée, des juristes de plusieurs horizons se sont réunis à Paris le 22 mars 2021 pour mener une double analyse de cette notion dans un colloque intitulé "Insécurité juridique : l'émergence d'une notion? " Ils ont d'abord apprécié le recours à la notion d'insécurité juridique pour se livrer ensuite à un exercice prospectif, notamment au regard des nouveaux enjeux technologiques.". (shrink)

Sometimes it takes years of debate for philosophers to discover what it is they really disagree about. Sometimes they talk past each other in long series of books and articles, never guessing at the root disagreement that divides them. But occasionally a day comes when something happens to coax the cat out of the bag. "Aha!" one philosopher exclaims to another, "so that's why you've been disagreeing with me, misunderstanding me, resisting my conclusions, puzzling me all these years!".

A remarkable number of Nietzsche's substantive moral psychological views have been borne out by evidence from the empirical sciences. Moral judgments are products of affects on Nietzsche's view, but the latter are in turn causally dependent upon more fundamental features of the individual. Nietzsche accepts a doctrine of types. The path is short from the acceptance of the Doctrine of Types to the acceptance of epiphenomenalism, as Leiter, and more recently, Riccardi argue. This chapter explains Nietzsche's phenomenological account of willing, (...) which serves as independent motivation for the view that Nietzsche denies the causal efficacy of conscious acts of willing. It also explores that in spite of an absence of volitional freedom, self‐control can be usefully understood on a strength‐model of motivational resources. The chapter concludes with a brief discussion of how Nietzsche, without employing the contemporary methods of empirical psychology, could nonetheless be such a prescient moral psychologist. (shrink)

Supererogatory acts—good deeds “beyond the call of duty”—are a part of moral common sense, but conceptually puzzling. I propose a unified solution to three of the most infamous puzzles: the classic Paradox of Supererogation (if it’s so good, why isn’t it just obligatory?), Horton’s All or Nothing Problem, and Kamm’s Intransitivity Paradox. I conclude that supererogation makes sense if, and only if, the grounds of rightness are multi-dimensional and comparative.

It has become customary to conceptualize the living cell as an intricate piece of machinery, different to a man-made machine only in terms of its superior complexity. This familiar understanding grounds the conviction that a cell's organization can be explained reductionistically, as well as the idea that its molecular pathways can be construed as deterministic circuits. The machine conception of the cell owes a great deal of its success to the methods traditionally used in molecular biology. However, the recent introduction (...) of novel experimental techniques capable of tracking individual molecules within cells in real time is leading to the rapid accumulation of data that are inconsistent with an engineering view of the cell. This paper examines four major domains of current research in which the challenges to the machine conception of the cell are particularly pronounced: cellular architecture, protein complexes, intracellular transport, and cellular behaviour. It argues that a new theoretical understanding of the cell is emerging from the study of these phenomena which emphasizes the dynamic, self-organizing nature of its constitution, the fluidity and plasticity of its components, and the stochasticity and non-linearity of its underlying processes. (shrink)